Os 16 Mandamentos de Ifá

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Ifá é o nome de um oráculo africano. É um sistema de adivinhação que se originou naÁfrica Ocidental entre os yorubas, na Nigéria. É também designado por Fa entre os Fon eAfa entre os Ewe. Não é propriamente uma divindade (Orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros orixás.

O sistema pertence as religiões tradicionais africanas mas também é praticado entre os adeptos da Lukumí de Cuba através da Regla de Ocha, Candomblé no Brasil através doCulto de Ifá, e similares transplantadas para o Novo Mundo.

Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade

Da Nigéria são dois os listados como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade: OGelede, que também é praticado no Benin e Togo, e os Ifa Divination System, e em estudo na Nigéria um sistema de Tesouros Humanos Vivos e esforços para salvaguardar o suas línguas ameaçadas.

 OS 16 MANDAMENTOS DE IFÁ:

Os conceitos constantes do presente documento representam a herança moral que nos foi legada por nossos ancestrais, consistindo em 16 Mandamentos de Ifá, transmitidos oralmente no dialeto original e traduzidos para o castelhano, idioma em que se encontram escritos nos antigos livros sagrados das seculares sociedades de Ifá de Cuba e que devem agora chegar ao conhecimento de todos aqueles que, de alguma forma, se interessem por nossa religião.

É necessário que, de posse destes conhecimentos, possam todos aqueles que adotaram uma postura desonesta, corrompendo os ditames de Ifá e usando a religião tão somente para usufruírem vantagens financeiras, possam refletir e, retomando a senda do bem, exaltar o sagrado nome de Orunmilá, divulgando-o dentro do respeito e religiosidade esperados de um verdadeiro sacerdote.

Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun e ninguém pode gabar-se de sua autoria.

Itan do Odu Ikafun:

Quando os Maiores (os Irunmole) chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.

Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de está-los assassinando.

Orunmilá então defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.

Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.

Então IFÁ disse: A habilidade de comportar-se com honra é obedecer aos mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade.

A HABILIDADE DE COMPORTAR-SE COM HONRA E OBEDECER AOS MANDAMENTOS DE IFÁ É MINHA RESPONSABILIDADE TAMBÉM..

Sentença: Eni da ile á bá ilé lo.

Os 16 mandamentos de Ifá.

(Os mandamentos de Ifá nascem no Odu Ikafun)

1) Mandamento:

Eles, os 16 Maiores, caminhavam em busca da Terra Prometida, Ile Ifé, a Terra do Amor, para pedirem Ire Ariku (o bem da longevidade) ao Deus Supremo, Olofin. Então perguntaram a Orunmilá: “Viveremos vida longa como foi prometido por Olodumare quando foi feita a consulta através do oráculo de Ifá?” E eles (os adivinhos), responderam: “Aquele que pretende vida longa, que não chame a esúrú” (tipo de inhame parecido com pequenas batatas)”. (Chamar esúrú significa falar do que não se sabe).

Significado do 1o mandamento:

O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui.

Interpretação:

O sacerdote não deve dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.

Mensagem:

Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves conseqüências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.

2°) o Mandamento:

“Eles avisaram aos Maiores que não chamassem a todos de esúrú”. (Chamar a todos de “esúrú” é considerar todas as coisas como contas sagradas).

Significado do 2o Mandamento:

O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.

Interpretação:

Não se pode proceder a rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos de esúrú é considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o eleké (colar) de um Orixá (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.

Mensagem:

Para ser um sacerdote de Ifá, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais.

A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado.

Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto de Orunmilá.

Ai observa-se a diferença entre “ser bàbáláwo” e “estar bàbáláwo”. Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de bàbáláwo, jamais será um verdadeiro sacerdote de Orunmilá. “Estará” bàbáláwo, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais “será” bàbáláwo, condição imposta por sua vocação, dedicação e desprendimento. Cabe ao sacerdote que procede a iniciação escolher, com muito critério, aqueles que são realmente dignos do sacerdócio.

3° Mandamento:

Eles avisaram que não chamassem forças, da forma errada “ódidé”. (Uma referência às aves noturnas e misteriosas, que se nutrem de sangue. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle).

Significado do 3o mandamento:

O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.

Interpretação:

É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o seguem. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o sangue dos outros.

Mensagem:

Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte), de acordo com os ditames estabelecidos por seu Odu pessoal e seus Orixás de cabeça.

Quem chega aos pés de Orunmilá para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste como olhador.

A pessoa que chega com um problema deve ter seu problema solucionado e não vê-lo acrescentado de outros criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos.

4°) Mandamento:

Eles avisaram que não dissessem que as folhas sagradas do arabá (Ceiba Pethandra), são folhas da árvore “oriro”.

(Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples troca de uma simples folha pode ocasionar conseqüências maléficas ou tornar sem efeito um grande ebó da mesma forma que as folhas do arabá não são iguais às folhas de oriro).

Significado do 4o Mandamento:

O sacerdote não pode, em nenhuma condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade religiosa como elementos de segurança ou de culto.

Interpretação:

Os procedimentos litúrgicos devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de fazer “isto” por “aquilo” quando em “aquilo” é que está a solução.

Mensagem:

Aquele que se utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança. Usando de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e de bom coração, o sacerdote provoca o descontentamento de Orunmilá e a conseqüente ira de Elegbara, e isto não é bom. Cada entidade espiritual possui um nome individual, de acordo com a determinação de Olofin (Deus). Da mesma forma, cada Exú Elegbara possui nome e identidade própria, assim como atributos específicos. É inadmissível, portanto, que esta Entidade tão sagrada e importante dentro do culto, seja assentada e entregue de maneira irresponsável, e que aqueles que a recebem permaneçam ignorantes do seu nome, qualidade, forma de tratamento e especificidade de função.

Sentença: “Orunmilá é aquele que nos olha com amor, não façamos por onde possa nos olhar com desprezo”.

5°) Mandamento:

ELES AVISARAM QUE, NÃO DEVERIAM MERGULHAR FUNDO, AQUELES QUE AINDA NÃO SOUBESSEM NADAR. (O “saber” é fundamental para quem quer “fazer”. Para tanto, é necessário o “poder”, que só a iniciação pode outorgar).

Significado do 5o Mandamento:

O sacerdote não pode proceder a liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente.

Interpretação:

O BABALÁWO NÃO DEVE OSTENTAR UMA SABEDORIA QUE NA VERDADE NÃO POSSUA. PROCURAR SABER NÃO AVILTA, MAS, PELO CONTRÁRIO, EXALTA O SER HUMANO. O SABER É CONDIÇÃO BÁSICA PARA QUE SE POSSA FAZER.

Mensagem:

Tudo deve ser feito integralmente e com legitimidade total. Se houver dúvidas sobre algum procedimento, deve-se pesquisar profundamente sobre ele. Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio cultural.

Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe, nada tem de humilhante e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação.

A verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Só os tolos se exibem e sabem tudo!

Sentença: Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar. (Da sabedoria oriental)

6°) Mandamento:

ELES AVISARAM QUE FOSSEM HUMILDES E NUNCA, JAMAIS, AGISSEM COM EGOÍSMO. (HUMILDADE E DESPRENDIMENTO SÃO ATRIBUTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VERDADEIRO SACERDOTE).

Significado do 6o Mandamento: O bàbáláwo não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles. Não deve agir somente visando o próprio benefício, existe para servir e não para ser servido.

Interpretação:

A vaidade transforma o homem fraco de espírito num pavão que faz questão de exibir sua bela plumagem sem a consciência de que é a sua beleza que, despertando a atenção de terceiros, irá provocar a sua morte.

NO ODU OGUNDA KETE, ENCONTRAMOS ITANS QUE FALAM DO EXIBICIONISMO DO PAVÃO QUE, OSTENTANDO A BELEZA DE SUA PLUMAGEM, ATRAI PARA SI A ATENÇÃO DE TODOS QUE, DEPOIS DE SACRIFICÁ-LO, TRANSFORMAM SUAS PENAS EM BELOS LEQUES E ADORNOS. O VERDADEIRO SACERDOTE, O ELEITO DE ORUNMILÁ, NÃO SE PREOCUPA EM EXIBIR SEU PODER NEM O SEU SABER EM DISPUTAS VÃS E INCONSEQÜENTES. ACUMULA EM SI UMA GRANDE CARGA DE SABEDORIA QUE TRANSMITE COM DEDICAÇÃO A QUEM MERECE SABER.

Mensagem:

O exibicionismo é um dos maiores defeitos num ser humano e inadmissível num sacerdote. Já dizia o velho jargão: “Num burro carregado de açúcar, até o suor é doce”. É assim que, aos olhos do sábio, parecem os exibicionistas: “burros carregando açúcar”.

7°) Mandamento:

Eles avisaram que não entrassem na casa de um Arabá (título daquele que resguarda os segredos da chefatura de Ifá), com má intenção. (As boas intenções devem prevalecer acima de tudo. A casa do Arabá é o templo onde a iniciação é obtida).

Significado do 7o Mandamento:

A iniciação não pode ser motivada por interesses que não sejam puramente religiosos.

Interpretação:

As verdadeiras intenções do iniciando devem ser cristalinas como a água pura, e desprovidas de qualquer outro objetivo que não seja servir à humanidade através de Orunmilá.

Querer iniciar-se no culto por simples vaidade, para obter status social ou ostentar títulos sacerdotais é profanar o sagrado.

Mensagem:

Aquele que profana o sagrado tabernáculo de Ifá, movido por qual for o motivo, pagará com duras penas o sacrilégio praticado.

Ninguém adentra impunemente o Igbodu Ifá.

O conhecimento corresponde à responsabilidades que nem todos estão preparados para assumir.

É muito melhor errar por não saber do que saber e persistir no erro.

O conceito mais amplo simboliza a atitude de um predador que esconde suas garras procurando adquirir a confiança e os conhecimentos de sua vítima para ter base de agir no momento mais propício aos seus objetivos.

A mesma responsabilidade assume aquele que inicia pessoas que não possuam os requisitos básicos exigidos para tal, visando aí, a simples vantagem financeira.

8°) Mandamento:

Eles avisaram que não deveriam usar as penas “ekodidé” para limparem os seus traseiros.

(A pena do ekodidé é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser profanada).

Significado do 8o Mandamento:

Os sagrados fundamentos não podem ser usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas conseqüências.

Interpretação:

O sacerdote deve submeter-se de bom grado às interdições impostas por seu Odu pessoal, assim como aos tabus de seu Olori.

A observância destes ditames está diretamente ligada ao estado de submissão às deidades cultuadas.

As obediências totais às orientações de Ifá conduzem o homem à plenitude das bênçãos.

Utilizar-se dos sagrados conhecimentos de forma leviana corresponde à profanar o sagrado.

A figura aqui utilizada representa muito bem tal atitude. “Limpar o traseiro com penas ekodidé” é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e fúteis.

Não se deve utilizar o poder da magia para prejudicar a quem quer que seja.

A prática do mal, invariavelmente, apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm volta.

Da mesma forma, aquele que se utiliza destes poderes visando unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados ditames e será responsabilizado por isto.

9°) Mandamento:

Eles avisaram que não deveriam defecar no epô.

(A sujeira e a falta de higiene são incompatíveis com o rito).

Significado do 9º mandamento:

O epô (azeite de dendê) corresponde ao sangue vegetal. Elemento sagrado e indispensável no ritual, há de ser sempre muito puro e limpo.

Da mesma forma, tudo deve ser limpo, os instrumentos, os ambientes, os assentamentos, as pessoas e, principalmente, as atitudes.

Não se admite, sob nenhuma hipótese, a falta de limpeza e de higiene em qualquer aspecto, quer seja físico, ambiental ou moral.

Mensagem: O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo.

Seus instrumentos litúrgicos, os assentamentos das entidades cultuadas, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer, sempre, impecavelmente limpos.

Nenhum Orixá admite a sujeira, seja ela física ou moral.

10°)  Mandamento:

Eles avisaram que não deveriam urinar dentro do afó.

(O afó é o local onde se fabrica o azeite de dendê em terra yorubá).

Significado do 10º Mandamento:

Tudo aquilo que antecede a um rito e que a ele faça referência, deve ser realizado com limpeza e religiosidade.

Interpretação:

Da mesma forma que o ritual deve ser cercado de cuidados de limpeza, a confecção das comidas e oferendas deve seguir os mesmos princípios.

Preparar as comidas ritualísticas é também um rito e deve ser realizadas em total circunspecção e concentração religiosa.

Mensagem:

Durante a preparação das oferendas e comidas ritualísticas a atitude de quem dela participa deve ser a mesma de quem participa do ritual em si.

É inadmissível que, neste momento sagrado, as pessoas estejam consumindo bebidas alcoólicas, falando coisas vulgares, discutindo, brigando ou tentando exibir seus conhecimentos, humilhando a quem sabe menos.

A postura será sempre sacerdotal, o silêncio e a concentração devem ser mantidos e, ensinar a quem não sabe ou a quem sabe menos, é uma obrigação sagrada.

11°) Mandamento:

ELES AVISARAM QUE NÃO SE DEVE RETIRAR A BENGALA DE UM CEGO. (a bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se interpõem em seu caminho). Significado do 11º mandamento: o sacerdote não pode prevalecer-se de sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos. Ninguém tem o direito de descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer orientação nas trevas em que caminha.

Interpretação:

Mensagem:

UMA DAS MAIS IMPORTANTES MISSÕES DO SACERDOTE É ENSINAR E ORIENTAR. MUITAS VEZES SURGEM PESSOAS QUE NADA SABEM E JULGAM SABER. É NESTE MOMENTO QUE O SÁBIO AFLORA NO SACERDOTE E A ORIENTAÇÃO CORRETA E O ENSINAMENTO CERTO SÃO PASSADOS, COM DOÇURA, SUTILEZA E HUMILDADE,SEM MELINDRAR A QUEM OS RECEBE E SEM PROVOCAR CONFUSÕES EM SUA CABEÇA. TUDO DEVE SER ENSINADO COM CLAREZA E LÓGICA. ASSIM, O BABALAWO, NO EXERCÍCIO DE SEU SACERDÓCIO, ASSUME TAMBÉM A MISSÃO DE MESTRE.

12) Mandamento:

Eles avisaram que não se retira um bastão de um ancião.

(O bastão do ancião representa o acúmulo de experiências adquiridas nos longos anos em que viveu).

Significado do 12º Mandamento:

Deve-se respeitar e tratar muito bem ao mais velhos, principalmente os mais antigos na religião.

Interpretação:

O respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos de uma religião onde, reconhecidamente, antigüidade é posto.

Faltar-lhes com o devido respeito e atenção é como retirar-lhes o bastão em que se apóiam.

Aquele que sabe respeitar, acatar e amar aos seus mais velhos, sem dúvida receberá o mesmo tratamento quando também caminhar apoiado no seu próprio bastão.

Mensagem:

Os velhos, pelas experiências vividas, representam verdadeiros mananciais de sabedoria onde cada um deve procurar beber um pouco, saciando a sede de saber.

São livros sagrados, cujas páginas devem ser lidas com paciência e carinho.

Uma religião que, durante séculos incontáveis, teve seus fundamentos transmitidos oralmente, deve valorizar, sobremaneira, aqueles que são depositários destes conhecimentos.

Um velho, por mais obtuso que possa parecer à primeira vista, sempre terá algo, obtido nos longos anos vividos, a ensinar.

Devemos lembrar sempre que, se antigüidade é posto, saber é poder!

13°)  Mandamento:

Eles avisaram que não se deitassem com a esposa de um Ogboni.

(“Ogboni” é um título que significa juiz ou magistrado, representa uma pessoa digna de respeito).

Significado do 13º Mandamento:

As autoridades devem ser respeitadas integralmente.

Interpretação:

O “Ogboni” da sentença representa, genericamente, as autoridades e as leis por elas estabelecidas.

O Sacerdote, como homem de bem, deverá pautar sua vida de acordo com os ditames das leis dos homens e das sagradas leis de Ifá.

Mensagem:

O homem religioso não pode viver à margem da lei e da sociedade da qual deve fazer parte como célula importante.

Pugnar pela obediência às leis é uma das obrigações de um sacerdote que, neste sentido, deve também orientar os seus seguidores.

Da mesma forma, as leis de Ifá, devem ser observadas integralmente e a ninguém cabe o direito de manipulá-las em benefício próprio ou de outrem.

14°)  Mandamento:

Eles avisaram que nunca se deitassem com a esposa de um amigo. (Não se deve trair um amigo). Significado do 14º Mandamento: Os amigos devem ser respeitados e uma amizade não pode ser traída.

Interpretação:

“Deitar com a esposa de um amigo” é a maior injúria que o sacerdote pode praticar contra esta pessoa. A sentença busca valorizar o sentimento de amizade que deve ser pautado sempre, no respeito mútuo e na reciprocidade ética, que em hipótese alguma, podem ser esquecidos.

Mensagem:

“Um amigo vale mais do que um parente”. Esta afirmativa da sabedoria popular fundamenta-se no fato de que os parentes nos são impostos pelo destino, ao passo que, os amigos, cabe-nos escolher dentre as inúmeras pessoas que surgem no decorrer de nossas vidas. Se elegemos, de livre e espontânea vontade, os nossos amigos, por que traí-los? Por que não dar a eles o mesmo tratamento que gostaríamos que nos dessem? Conservar as amizades tratá-las com respeito e carinho é, acima de tudo, uma demonstração de sabedoria. As amizades devem ser cultuadas e ninguém deve criar animosidade entre amigos colocando em risco uma relação que pode representar um grande tesouro. “Mais vale um amigo na praça do que dinheiro no banco”. (Da sabedoria popular).

15°) Mandamento:

Eles avisaram que não semeassem discórdias religiosas.

Significado do 15º Mandamento:

Não se deve usar a religião para motivar a separação e a guerra entre os homens.

Interpretação:

A religião tem por finalidade única unir os homens através de Deus. Não é concebível, portanto, que possa ser utilizada como elemento apartador dos seres humanos. Mesmo no âmbito de uma mesma religião pode-se verificar a atuação de pessoas que, de forma nefasta e visando seus próprios interesses, jogam uns contra os outros, semeando a desconfiança e a discórdia entre sacerdotes, irmãos e adeptos.

Mensagem:

Muitas guerras, incorretamente denominadas “guerras santas”, têm feito derramar o sangue de inocentes, enlutando famílias e propagando a dor e o pranto. A motivação religiosa que as incentiva é, no entanto, uma máscara para o seu motivo real: a obtenção do poder. O verdadeiro sacerdote deve pugnar pela união dos homens, independente de seu credo religioso. Deus é um só e todos os homens são seus filhos e, por conseqüência, irmãos entre si. Da mesma forma, os sacerdotes de uma mesma religião devem agir dentro de uma ética que os impeça de falarem mal uns dos outros, utilizando-se de meios condenáveis para atrair os seguidores de seus coirmãos.

16°) Mandamento: 

ELES AVISARAM QUE NUNCA FALTASSEM COM O RESPEITO OU QUISESSEM DEITAR-SE COM A ESPOSA DE UM OUTRO SACERDOTE.

(Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos de respeito).

Significado do 16° Mandamento. 

OS SACERDOTES, INDEPENDENTE DE FUNÇÕES E HIERARQUIA, DEVEM RESPEITAR-SE MUTUAMENTE.

Interpretação:

Uma única palavra pode sintetizar o 16° o mandamento de Ifá: “Ética”.

Mensagem:

A falta de ética entre os sacerdotes de nossa religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética, jamais abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procura corrigi-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem alardear aquilo que considera errado.

Muitas pessoas tentam encobrir os próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros. Esta é uma atitude incorreta que só tem prejudicado e impedido um maior desenvolvimento da nossa religião.

Pode-se ouvir todas as noites, em programas de rádio produzidos e apresentados por sacerdotes e sacerdotisas do culto aos Orixás, verdadeiros absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação, na maior parte das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, e os malefícios que produz, não somente aos alvos de suas críticas, mas na religião dos Orixás como um todo que, a cada denúncia feita pelo ar, cai no descrédito e na execração pública.

Cada denúncia divulgada publicamente representa uma nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião.

A seleção será feita, naturalmente, por Orunmilá e os Orixás, através da ação de Exú. Só a eles cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a eles cabe separar o joio do trigo.

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